Termos ou expressões recorrentes neste site

Marta Heloísa Leuba Salum (Lisy)

AÁFRICA TRADICIONAL. Diz respeito ao modo de ser e pensar dos africanos "desde sempre": não é uma expressão toponímica nem cronológica e não significa apenas "África antiga" ou "África pré-colonial". Deriva da dialética entre tradição e modernidade que surgiu na África desde pelo menos o século VII, quando foi invadida pelo mundo árabe, e, a partir do século XV, com a exploração e pilhagem pela Europa, antes do advento da colonização.

ARTE AFRICANA. Expressão que surgiu quando estetas e artistas ocidentais do fim do século XIX e do início do XX começaram a se interessar pela produção das Colônias levada para a Europa como material etnológico. Mesmo transformada em sinônimo de "primitiva", arte africana é uma expressão cristalizada universalmente. Nos anos 1960-70, foi declarada Patrimônio Universal da Humanidade pela UNESCO.

FETICHE. Conceito difundido pelas missões coloniais. Era usado para designar objetos de formas ou materiais variados e aparentemente desconexos aos quais os africanos atribuíam força e poderes. É tido também como "um objeto no qual se inserem ou sobrepõem materiais considerados mágico-religiosos ou simbólicos". A palavra fetiche vem do francês ("coisa feita"), e foi incorporada ao português. Vem daí também o termo feitiço.

FORÇA - ou "força vital" . Energia inerente aos seres vivos. Pela filosofia africana, essa energia, por ser fluida e dinâmica, deve ser incrementada, sendo passível de transferir-se da Natureza para os homens e coisas, assim como de um ser humano para outro.

NKISi. Palavra presente em inúmeras línguas bantu para designar uma energia, um espírito, ou um objeto dotado de uma força ativa e transformadora. Por isso, é confundido com "fetiche". Daí, um de seus significados na África: "medicamento". No Brasil, a palavra derivada inquice designa o nome genérico das divindades do candomblé banto ou de angola, correspondendo ao termo orixá do candomblé nagô (rel. ioruba).

OBJETOS DE PRESTÍGIO. Símbolos de autoridade social e política. Impressionavam pela elaboração sofisticada e faziam parte das regalias. Abrangem desde emblemas, utilitários, bastões, armas, como também esculturas comemorativas (cabeças, estátuas, composições cênicas). Integram a chamada "arte de corte", já que esses objetos eram feitos por artistas especializados que, em alguns casos, eram funcionários do governo central.

ORALIDADE. Termo que alude ao "caráter da transmissão de certas tradições", como também "à condição de línguas e povos ágrafos". Seu significado é, às vezes, confundido com o de tradição oral, ou de história oral. Mas oralidade é um meio pelo qual se exprime a força da palavra, e das idéias que a embasam. Assim, oralidade na África visa ao cultivo da memória com vistas no futuro, e, portanto na História.

PERÍODO COLONIAL DA ÁFRICA. A partilha da África pela Europa resultou no recorte de suas sociedades tradicionais pelas divisas coloniais, mais tarde sobrescritas, sem grandes modificações, pelos limites dos países atuais do continente. Durou dos anos 1880 até o início da década de 1960.